Projeto “Baltra” marca um passo estratégico da Apple para controlar a sua infraestrutura de IA e reduzir a dependência da Nvidia.
A Apple está a desenvolver o seu primeiro chip dedicado a servidores de inteligência artificial ,“Baltra”, num passo estratégico que poderá transformar a sua infraestrutura de computação e reduzir a dependência de soluções externas, nomeadamente da Nvidia. De acordo com fontes próximas do processo, a empresa está a trabalhar em parceria com a Broadcom no desenvolvimento da tecnologia crítica de networking e interconexão de alto desempenho necessária para centros de dados de IA.
Este novo processador deverá ser utilizado sobretudo nos data centers da própria Apple, suportando cargas de trabalho ligadas a IA generativa, serviços cloud, Siri, Apple Intelligence e processamento de grandes volumes de dados. Ao contrário dos GPUs da Nvidia, concebidos para venda a terceiros, o chip da Apple será otimizado para uso interno, integrando-se de forma profunda com o ecossistema de software da empresa.
Parceria com a Broadcom reforça controlo da infraestrutura:
A colaboração com a Broadcom é vista como um elemento-chave do projeto. A empresa é líder em soluções de switching, interligação de data centers e networking de baixa latência, componentes essenciais para escalar sistemas de IA. Esta parceria permitirá à Apple construir uma arquitetura própria de servidores, reduzindo custos a longo prazo e evitando constrangimentos de fornecimento num mercado dominado pela Nvidia.
Extensão natural da estratégia de chips da Apple:
O projeto Baltra enquadra-se na estratégia de integração vertical da Apple, que já resultou no sucesso dos chips Apple Silicon (M-series) para Macs e dos A-series para iPhones e iPads. Ao trazer também os chips de servidores para dentro de casa, a Apple passa a controlar todo o stack: hardware, software e serviços, algo raro mesmo entre os grandes players tecnológicos.
Impacto no mercado de semicondutores:
Embora não represente uma ameaça direta ao negócio comercial da Nvidia no curto prazo, esta iniciativa reforça uma tendência crescente entre grandes tecnológicas como Google, Amazon e Microsoft, de desenvolverem silício personalizado para IA. A médio prazo, isso pode limitar o crescimento da Nvidia junto dos maiores hyperscalers, ainda que a empresa continue dominante no mercado aberto.
Para a Broadcom, o projeto reforça a sua posição como parceiro estratégico em infraestruturas de IA de próxima geração, num segmento de elevado crescimento e margens elevadas.