Taxa diretora avança para 0,75%, sinalizando o fim da era do dinheiro ultra-fácil; mercados reagem positivamente, mas histórico preocupa investidores em criptoativos.

O Banco do Japão (BOJ) anunciou uma subida da taxa básica de juro em 25 pontos-base, fixando-a em 0,75%, o nível mais elevado desde 1995. A decisão representa uma mudança histórica na política monetária japonesa e um sinal claro de que o país reconhece finalmente que a inflação deixou de ser transitória.

Durante décadas, o Japão manteve uma política de taxas próximas de zero ou negativas, combinada com estímulos monetários agressivos, numa tentativa de combater a deflação crónica. Com esta decisão, o BOJ assume que a era do dinheiro ultra-fácil chegou ao fim, alinhando-se, ainda que de forma gradual, com a normalização monetária observada noutras grandes economias.

A reação inicial dos mercados foi positiva, sugerindo que a subida dos juros já estaria amplamente antecipada e refletida nos preços dos ativos. No entanto, analistas alertam para riscos potenciais, sobretudo em mercados mais sensíveis à liquidez global, como o das criptomoedas.

Nas últimas três ocasiões em que o Banco do Japão avançou com aumentos das taxas de juro, o Bitcoin registou quedas acentuadas de cerca de 23%, 25% e +30%, respetivamente. Este histórico levanta dúvidas sobre se o padrão poderá repetir-se, num contexto em que taxas mais elevadas tendem a reduzir o apetite por ativos de maior risco.

Ainda assim, o cenário atual apresenta diferenças relevantes face aos ciclos anteriores, incluindo maior maturidade do mercado cripto, maior participação institucional e um enquadramento macroeconómico distinto. Os próximos dias deverão ser decisivos para perceber se esta viragem histórica da política monetária japonesa terá impactos duradouros nos mercados globais ou se permanecerá como um movimento já absorvido pelos investidores.