Washington dá o primeiro passo para reduzir dependência estrangeira em tecnologia de litografia.
Os Estados Unidos anunciaram um investimento de 150 milhões de dólares na xLight, uma startup especializada em lasers de alta eficiência para máquinas de litografia avançada. Este é o primeiro grande acordo de P&D em chips sob a presidência de Donald Trump, e conta ainda com a nomeação de Pat Gelsinger, ex-CEO da Intel, como presidente executivo da empresa.
A xLight está a desenvolver uma tecnologia de laser baseada em free-electron laser (FEL), que, em teoria, poderá emitir luz com maior eficiência energética do que as fontes usadas atualmente na litografia EUV.
Mas será isto uma ameaça para a gigante europeia ASML ($ASML)?
Apesar do impacto mediático, analistas concordam que este investimento não representa uma ameaça real, nem a curto nem a médio prazo, para a ASML.
Os 150 milhões de dólares destinados à xLight não seriam sequer suficientes para comprar uma única máquina EUV da própria ASML, cujo preço varia entre 200 e 350 milhões de dólares. Além disso, desenvolver uma alternativa viável à litografia EUV exigiria mais de uma década de investigação contínua, investimentos na ordem de dezenas de milhares de milhões e a criação de uma cadeia de fornecimento altamente complexa, algo que levou décadas a ASML a construir e que não pode ser replicado de forma rápida ou simples.
A vantagem competitiva da ASML é profunda:
Propriedade intelectual acumulada ao longo de décadas
Processos industriais exclusivos
Parcerias com fornecedores altamente especializados
Relações de longo prazo com TSMC, Samsung e Intel
Confiança — o fator mais difícil de replicar no setor de semicondutores
O que significa este investimento para os EUA
Este financiamento representa uma mudança estratégica relevante, mesmo sem impacto imediato no domínio da ASML:
Sinaliza a intenção dos EUA de reduzir dependências críticas na cadeia de chips.
Apoia a criação de tecnologia doméstica em áreas onde hoje os EUA dependem quase totalmente do estrangeiro.
Reforça a ambição de recuperar liderança em fabrico avançado de semicondutores.
Aposta num novo tipo de laser (FEL) que, se funcionar, poderia ser mais eficiente e menos exigente em consumo energético.
Mostra que Washington pretende investir de forma sustentada no longo prazo — algo essencial numa indústria em que cada ciclo tecnológico dura uma década.

Não é uma ameaça imediata à ASML, mas é um primeiro passo numa estratégia industrial mais ampla.
Em suma, o investimento na xLight marca o início de um esforço americano para desenvolver alternativas às tecnologias dominadas pela ASML. Contudo, o valor é demasiado pequeno e o desafio demasiado complexo para afetar a posição da ASML nos próximos anos.
Ainda assim, é um movimento estratégico que reforça a corrida tecnológica global no setor dos semicondutores.

