O Presidente norte-americano prometeu um novo pacote de estímulos diretos à população, que poderá abranger mais de 85% dos adultos nos EUA e custar mais de 400 mil milhões de dólares. O anúncio surge num contexto de dívida pública recorde e mercados próximos de máximos históricos.
Donald Trump anunciou um novo plano de estímulo económico que prevê o pagamento de pelo menos 2.000 dólares por pessoa nos Estados Unidos, um modelo semelhante aos cheques de estímulo de 1.200 dólares distribuídos durante a pandemia de COVID-19 em 2020.
Da última vez que medidas semelhantes foram adotadas, em 2020 e 2021, os estímulos diretos impulsionaram fortemente os mercados financeiros, dando início à grande valorização das criptomoedas: o Bitcoin subiu de 3.800 dólares para 69.000 dólares num período de pouco mais de um ano.
Segundo o anúncio, o novo pagamento será conhecido como “dividendo tarifário” e deverá ser concedido a mais de 85% dos adultos norte-americanos, totalizando mais de 400 mil milhões de dólares distribuídos. A medida exclui apenas os cidadãos considerados de “rendimentos elevados”, embora ainda não tenham sido divulgados os critérios específicos de elegibilidade.
Trump justificou a iniciativa com a pressão crescente da dívida pública dos EUA, que se aproxima dos 40 biliões de dólares, sublinhando que o objetivo é “devolver ao povo americano os frutos das tarifas aplicadas às importações estrangeiras”.
Quem poderá receber:
Se forem aplicadas as mesmas condições do último estímulo, de março de 2021, os cheques seriam atribuídos a:
Contribuintes solteiros com rendimentos até 75.000 dólares anuais;
Famílias monoparentais com rendimentos até 112.500 dólares;
Casais com rendimentos conjuntos até 150.000 dólares.
Atualmente, cerca de 220 milhões de adultos nos EUA enquadram-se nestes critérios, o que significa que aproximadamente 15% dos mais ricos seriam excluídos. Com base nisso, o valor total distribuído rondaria 440 mil milhões de dólares e o montante por pessoa poderá ultrapassar os 2.000 dólares.
Implicações económicas:
Os estímulos diretos ao consumo têm historicamente um efeito imediato sobre os gastos das famílias e sobre a atividade económica em geral. Contudo, esse impulso tende a ser seguido por um período de maior inflação.
Após o último pacote de estímulos, em 2021, a inflação nos Estados Unidos aproximou-se dos 10%, o valor mais alto em quatro décadas. Atualmente, a taxa de inflação situa-se em cerca de 3%, mas novos estímulos fiscais podem voltar a exercer pressão sobre os preços.
Nunca na história do país foi anunciado um pacote de estímulo desta dimensão com os mercados tão próximos dos seus máximos históricos. O S&P 500 está a apenas 3% da sua máxima de sempre e já valorizou 35% desde o mínimo registado em abril.
Paralelamente, a revolução da Inteligência Artificial continua a atrair volumes recorde de investimento, com mais de 200 mil milhões de dólares em capital tecnológico investidos por trimestre, reforçando o otimismo, mas também os receios de sobreaquecimento da economia.
